Em 2020, no primeiro ano da pandemia de Covid-19, os cursos de graduação à distância no Brasil receberam mais alunos novos do que os presenciais, tanto na rede pública quanto na privada, pela primeira vez na história.
É o que mostra o Censo de Educação Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em números absolutos, dos mais de 3,7 milhões de ingressantes no ensino superior em 2020, 53,4% optaram pela modalidade à distância, enquanto 46,6% escolheram cursos presenciais
Porém essa tendência, ao contrário do que pode parecer, não é decorrente exclusivamente do período da pandemia. Segundo o mesmo censo, nos últimos 10 anos, o índice de novos alunos de EAD aumentou 428,2%. No mesmo período, as graduações presenciais apresentaram queda de 13,9%.
Dentre os cursos mais populares na modalidade EAD, destaque para os cursos de tecnologia: em 2020, quase 70% das matrículas foram para educação à distância. Também nos cursos de licenciatura, o número de estudantes EAD supera o de estudantes presenciais.
Mas se é verdade que o aumento na procura por cursos EAD já vem se consolidando bem antes da pandemia, também é certo que mudanças de rotina e costumes que se popularizaram durante esse período indicam que essa modalidade de ensino ganhou novo impulso e deve alcançar níveis ainda mais significativos, a curto prazo.
Para os próximos anos, a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED) prevê que o aumento pela procura de cursos EAD deve ser ainda maior, pois muitas Instituições de Ensino Superior (IES) começaram a adotar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como processo seletivo e de entrada para os cursos EAD.
Isso porque a nota do Enem é muito utilizada por estudantes que procuram vagas em cursos superiores em instituições de ensino que ofereçam descontos através de programas do governo como ProUni, Fies e Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
E por falar em desconto, outro dado interessante trazido pela pesquisa da ABED é que os descontos concedidos para alunos nos cursos a distância foram menores, representando o equivalente a 15,7% para EAD e 17,6% para o presencial.
Já em relação à inadimplência, para 21,6% dos cursos EAD houve um aumento de 50% de inadimplentes, enquanto que para 35,3% das instituições a inadimplência permaneceu constante.