Uma das maiores dores de cabeça da maioria das instituições privadas de ensino, a inadimplência escolar acontece por uma infinidade de razões e circunstâncias, muitas vezes praticamente impossíveis de serem mapeadas ou compreendidas por completo.
Da conjuntura econômica do país à situações pessoais vividas por alunos e responsáveis financeiros, em diversas ocasiões a inadimplência acaba sendo uma consequência inevitável de uma conjuntura sobre a qual a instituição não tem poder de mudar.
Porém, muitas vezes o comportamento da própria instituição acaba por, de forma indireta e involuntária, contribuir para a formação de uma cultura de tolerância e até incentivo à inadimplência.
Para evitar o fomento desse tipo de situação na sua instituição, é preciso estar sempre revendo e repensando processos e práticas, buscando sempre a criação e reforço de uma cultura de adimplência.
É muito comum, por exemplo, que instituições de ensino se preocupem mais em recuperar débitos de anos anteriores do que com as mensalidades em atraso do período em curso. Isso é um erro porque, ao não efetuar uma cobrança efetiva durante o período letivo, ao chegar no momento da rematrícula o aluno ou responsável financeiro se vê em posição de vantagem pois já recebeu o serviço. Assim, é comum, nesse momento, conceder descontos e outras vantagens, pensando na retenção do aluno, à um custo prejudicial para a instituição.
Com as baixas taxas de juros e as proteções ao inadimplente oferecidas pela legislação vigente, muitos alunos e responsáveis financeiros escolhem não pagar as mensalidades em dia, contando com as vantagens no momento da rematrícula. Por isso, a importância de realizar uma cobrança efetiva, com agilidade, frequência e sequência, durante os meses em que o aluno está atendendo ao seu curso.
Outro fator que incentiva a inadimplência é a ausência de regras claras de cobrança. Muitas instituições, por medo de parecerem mais preocupadas com o pagamento das mensalidades do que com o ensino oferecido, acabam por não fazer uma comunicação aberta, clara e explícita sobre as regras de cobrança da instituição, o que dá margem para demandas e queixas de alunos e responsáveis financeiros em atraso com suas obrigações, na hora de negociar o pagamento de suas dívidas.
Também é preciso estar atento à impessoalidade na prática da cobrança. É importante não deixar que o bom relacionamento pessoal com alunos e responsáveis financeiros se traduza em benesses indevidas, que além de não serem vantajosas financeiramente para a instituição, podem ainda ter uma repercussão negativa junto a outros alunos que não gozam do mesmo tratamento.
Por último, é fundamental não interferir no departamento responsável por cobranças. Para uma cobrança efetiva, que gere resultados positivos além do aspecto financeiro, é preciso que o departamento tenha autonomia para instaurar e manter práticas e processos coerentes e complementares, que se utilizem do monitoramento de resultados e da absorção de feedback de alunos e responsáveis financeiros para, no dia a dia da instituição, criar e fomentar a cultura da adimplência, no lugar da tolerância à inadimplência.